quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Para onde nos leva o capitalismo: será que não rima com abismo?


Hoje li um artigo sobre a palestra do geógrafo norte americano David Harvey, na Fórum Social Mindial, escrito pelo combativo jornalista Marco Weissheimer, que vem ao encontro do que sempre vislumbrei para que o mundo tivesse uma chance de viver uma nova maneira de "viver".


Quem teve a oportunidade de ler um de seus livros, para mim o mais esclarecedor. A produção capitalista do espaço, tem uma visão do que está por trás das transações e interesses das grandes corporações em comcubinato com o Estado, este, um mero agente facilitador.


Não pude estar presente mesta palestra, até porque, o Fórum, apesar de tudo que representa e busca, sofre pela falta de organização, assim, não tive conhecimento prévio da palestra. Mas, fique bem claro que, esta certa "improvisação", não tira nada do mérito das discussões do Fórum.


O artigo trata de se deve organizar um movimeto anti-capitalismo, para este ser uma transição deste sistema para "um outro mundo... possível":
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Por que é preciso pensar em uma transição anti-capitalista? E o que seria tal transição? A participação de David Harvey, professor de Geografia e Antropologia da City University, de Nova York, no seminário de avaliação de 10 anos do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, foi uma tentativa de responder estas perguntas. A resposta, na verdade, inclui, em primeiro lugar, uma justificativa da pertinência das perguntas. Após a derrocada da União Soviética e dos regimes socialistas do Leste Europeu, e a queda do Muro de Berlim, falar em anti-capitalismo tornou-se proibido. O comunismo fracassou, o capitalismo triunfou e não se fala mais no assunto: essa mensagem cruzou o planeta adquirindo ares de senso comum. Mas os muros do capitalismo seguiram em pé e crescendo. E excluindo, produzindo pobreza, fome, destruição ambiental, guerra...


E eis que, nos últimos anos, voltou a se falar em anti-capitalismo e na necessidade de pensar outra forma de organização econômica, política e social. David Harvey veio a Porto Alegre falar sobre isso. Para ele, a necessidade acima citada repousa sobre alguns fatos: o aumento da desigualdade social, a crescente corrupção da democracia pelo poder do dinheiro, o alinhamento da mídia com este grande capital (e seu conseqüente papel de cúmplice na corrupção da democracia), a destruição acelerada do meio ambiente. Esse cenário exige uma resposta política, resume Harvey. Uma resposta política, na sua avaliação, de natureza anti-capitalista. Por que? O autor de “A produção capitalista do espaço” apresenta alguns fatos de natureza econômica para justificar essa afirmação.


O capital fictício e a fábrica de bolhas


O capitalismo, enquanto sistema de organização econômica, está baseado no crescimento. Em geral, a taxa mínima de crescimento aceitável para uma economia capitalista saudável é de 3%. O problema é que está se tornando cada vez mais difícil sustentar essa taxa sem recorrer à criação de variados tipos de capital fictício, como vem ocorrendo com os mercados de ações e com os negócios financeiros nas últimas duas décadas. Para manter essa taxa média de crescimento será preciso produzir mais capital fictício, o que produzirá novas bolhas e novos estouros de bolhas. Um crescimento composto de 3% exige investimentos da ordem de US$ 3 trilhões. Em 1950, havia espaço para isso. Hoje, envolve uma absorção de capital muito problemática. E a China está seguindo o mesmo caminho, diz Harvey.


As crises econômicas nos últimos 30 anos, acrescenta, repousam (e, ao mesmo tempo, aprofundam) na disjunção crescente entre a quantidade de papel fictício e a quantidade de riqueza real. “Por isso precisamos de alternativas ao capitalismo”, insiste. Historicamente essas alternativas são o socialismo ou o comunismo. O primeiro acabou se transformando em uma forma menos selvagem de administração do capitalismo; e o segundo fracassou. Mas esses fracassos não são razão para desistir até por que as crises do capitalismo estão se tornando cada vez mais freqüentes e mais graves, recolocando o tema das alternativas. Para Harvey, o Fórum Social Mundial, ao propor a bandeira do “outro mundo é possível”, deve assumir a tarefa de construir um outro socialismo ou um outro comunismo como alternativas concretas.


A irracionalidade do capitalismo


“Em tempos de crise, a irracionalidade do capitalismo torna-se clara para todos. Excedentes de capital e de trabalho existem lado a lado sem uma forma clara de uni-los em meio a um enorme sofrimento humano e necessidades não satisfeitas. Em pleno verão de 2009, um terço dos bens de capital nos Estados Unidos permaneceu inativo, enquanto cerca de 17 por cento da força de trabalho estava desempregada ou trabalhando involuntariamente em regimes de meio período. O que poderia ser mais absurdo que isso!” – escreve Harvey em seu livro “O enigma do capital”, que deve ser lançado em abril de 2010 pela editora Profile Books. Ele descarta, por outro lado, qualquer inevitabilidade sobre o futuro do capitalismo. O sistema pode sobreviver às crises atuais, admite, mas a um custo altíssimo para a humanidade.


Não basta, portanto, denunciar a irracionalidade do capitalismo. É importante lembrar, assinala Harvey, o que a Marx e Engels apontaram no Manifesto Comunista a respeito das profundas mudanças que o capitalismo trouxe consigo: uma nova relação com a natureza, novas tecnologias, novas relações sociais, outro sistema de produção, mudanças profundas na vida cotidiana das pessoas e novos arranjos políticos institucionais. “Todos esses momentos viveram um processo de co-evolução. O movimento anti-capitalista tem que lutar em todas essas dimensões e não apenas em uma delas como muitos grupos fazem hoje. O grande fracasso do comunismo foi não conseguir manter em movimento todos esses processos. Fundamentalmente, a vida diária tem que mudar, as relações sociais têm que mudar”, defende.


“Precisamos falar de um mundo anti-capitalista”


Harvey está falando da perspectiva de um possível fracasso do capitalismo, de um ponto de instabilidade que afete as engrenagens do sistema. Mais uma vez, ele não aponta nenhuma inevitabilidade ou destino histórico aqui. Trata-se de um diagnóstico sobre o tempo presente. “O capitalismo entrou numa fase de cada vez mais destruição e cada vez menos criação”. E quais seriam, então, as forças sociais capazes de organizar um movimento anti-capitalista nos termos descritos acima? A resposta de Harvey é curta e direta: Hoje não há nenhum grupo pensando ou falando disso. “As ONGs e movimentos sociais que participam do Fórum precisam começar a falar de um mundo anti-capitalista.


A esquerda deve mudar seus padrões mentais. As universidades precisam mudar radicalmente”.A justificativa desses imperativos? Harvey dá mais um exemplo da “racionalidade” capitalista atual. Em janeiro de 2008, 2 milhões de pessoas perderam suas casas nos EUA. Essas famílias, em sua maioria pertencente às comunidades afroamericanas e de origem hispânica, perderam, no total, cerca de 40 bilhões de dólares. Naquele mesmo mês, Wall Street distribuiu um bônus de 32 bilhões de dólares para aqueles “investidores” que provocaram a crise. Uma forma peculiar de redistribuição de riqueza, que mostra que, nesta crise, muitos ricos estão fincando ainda mais ricos. “Estamos vivendo um momento de negação da crise nos EUA. Os trabalhadores, e não os grandes capitalistas, é que estão sendo apontados como responsáveis. É por isso que precisamos de uma transformação revolucionária da ordem social”.


Dá para se ter uma idéia da missão Hercúlea que temos pela frente... se é que queremos esta mudança...

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Será que um outro mundo é possível?: Eu trabalho para isso.


O modelo d de capitalismo neoliberal ainda não foi suplantado por qualquer outra forma de sistema. É uma realidade.

Da maneira com que vão as coisas, penso eu, tão cedo não vai mudar.

As mudanças que se fazem necessárias para melhorar a vida das pessoas no mundo são muito lentas e sofrem com a resistência dos poderosos e suas corporações. Mas mesmo assim não dá para parar de tentar, é claro.

Nós podemos sim, acelerar as tranformações. Cada um, com pequenas ações, a seu alcançe, está contribuindo para a mudança. Mas sem as grandes mudanças, infelizmente, as grandes transormaçoes que o mundo presisa fazer para diminuir as desigualdades, melhorar o meio ambiente, dar saúde, educação e renda, ficarão somente na vontade.

Ontem iniciou a décima edição do Fórum Social Mundial que, lembro bem, em 2000, foi o pontapé inicial de uma transformação que já se fazia urgente... hoje, muito mais urgente.

Dez anos se passaram e estas tranformações pouco aconteceram. Não sei se o mundo, do jeito que estamos acostumados a ver, durará por muito tempo.

Nossa maneira de viver, consumindo cada vês mais recursos naturais, é insustentável.

Mas estamos aí, participando e, de alguma forma, colaborando positivamente para a mudança...

Tomara que não seja tarde demais...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Paulistanos querem ir para longe de São Paulo: a metrópole é um caos.


Os governos de direita, representados pelos governantes do PSDB/DEM, não passam de facilitadores dos especuladores imobiliários e seu interesses. Sim, pois essa gente, que financia as suas campanhas eleitorais destes partidos, sempre o fazem, em troca de vantagens financeiras, é óbvio.

Não é de hoje que a maior metrópole brasileira, São Paulo, vem assistindo o agravamento dos problemas urbanos. O caos do trânsito, violência, descaso com a saúde e, o que ficou marcado neste verão, os problemas com as inundações.

A cidade de São Paulo está situada em uma região de clima tropical, com invernos secos e verões úmidos, quer dizer, um volume alto de chuvas ocorrem nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, principalmente quando estamos em um El Niño, que intensifica as precipitações.

A população de São Paulo, principalmente a mais pobre é, naturalmente, a que mais sofre. Pois como não existe uma política pública na ocupação do solo urbano, quem não tem dinheiro para adquirir um lote urbanizado, ou um apartamento, se vê obrigado a ocupar as áreas impróprias, nas encostas dos morros ou nas várzeas, que são suscetíveis a desabamentos e inundações, respectivamente. Bairros inteiros de São Paulo estão debaixo d’água, por semanas, um caos. E o que o governo estadual (PSDB) e o municipal (DEM) fazem?

O solo urbano de São Paulo está quase que totalmente impermeabilizado dela especulação imobiliária, o que aumenta a torrente que transborda rios e córregos, levando água com esgotos e sujeira para dentro das casas.

E a população não está nada contente com esta situação.

Em pesquisa recente do IBOPE divulgada no Estadão e na Folha de São Paulo dá conta que, somente 28% apóiam o Gilberto Kassab à frente da prefeitura de São Paulo e que, se pudessem e tivessem para onde ir, 57% dos paulistanos deixariam a cidade. Mas nessa divulgação, nestes dois jornais “apoiadores” da direita, não são feitas nenhuma crítica. Mas indo além, vemos aqui que, Para Oded Grajew, membro da secretaria executiva do Movimento Nossa São Paulo, que encomendou a pesquisa ao IBOPE e um dos responsáveis pelo trabalho, que o quadro é alarmante - e totalmente previsível. "A maioria dos nossos governantes é representante de seus financiadores de campanha, que normalmente são grupos ligados à especulação imobiliária, que fazem a cidade crescer sem organização", diz.

Além disso, segundo Grajew, a sobrecarga na infraestrutura, a preferência pelo transporte individual e o abandono dos pobres agravam a sensação de caos urbano. "É um lugar com dois rios enormes e sujos, uma poluição tremenda e uma baita insegurança. Quem quer viver assim?", questiona.


Pois é assim que funciona... Mas até quando?

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Terremoto no Haiti: o requiém de um País sofrido.


As tragédias sempre abalaram o Haiti.
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Região, onde hoje está o Haiti, que foi cedida à França pela Espanha em 1697 foi, no século XVIII, a mais próspera colônia francesa na América, graças à exportação de açucar, cacau e café.
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Após uma revolta de escravos, a servidão foi abolida em 1794. Nesse mesmo ano, a França passou a dominar toda a ilha. Mas em 1801, o ex-escravo Toussint Louverture tornou-se governador-geral, mas, logo depois, foi deposto e morto pelos franceses. O líder Jacques Dessalines organizou o exército e derrotou os franceses em 1803. No ano seguinte, foi declarada a independência e Dessalines proclamou-se imperador.
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Depois de 1804, para que o exemplo fundando a primeira nação americana livre da escravidão não galvanizasse as Américas, os escravistas europeus e estadunidenses mantiveram o Haiti sob bloqueio comercial por 60 anos.

Posteriormente, para por fim ao bloqueio, o Haiti, sob o governo de Jean Pierre Boyer, cercado por pela frota da ex-metrópole, concordou em assinar um tratado pelo qual seu país pagaria à França uma indenização de 150 milhões de francos a título de indenização. A dívida depois foi reduzida para 90 milhões, mas assim mesmo isso exauriu a economia.

De lá para cá, o País nunca mais se equilibrou. Seu povo foi vítima de uma ditadura que passou de pai para filho (Papa Doc para Baby Doc) de 1957 a 1986, que governou com mão de ferro o País.

Depois de mais um período de grande conturbação política, foram realizadas eleições presidenciais livres em dezembro de 1990, vencida pelo padre Jean Bertrand Aristides. Em setembro de 1991, Aristide foi deposto num golpe de Estado liderado pelo General Raul Cerdas e se exilou nos EUA. A Organização dos Estados Americanos (OEA), a Organização das Nações Unidas (ONU) e os EUA impuseram sanções econômicas ao país para forçar os militares a permitirem a volta de Aristide ao poder.
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Mais desgraça ao povo.
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Aristides retorna ao poder, mas em seguida, sob suspeita de fraudes eleitorais, Aristides foi retirado do país por militares norte-americanos, contra sua vontade, e conseguiu asilo na África do Sul. De acordo com as regras de sucessão constitucional, o presidente do Supremo Tribunal (Cour suprême), Bonifácio Alexandre, assumiu a presidência interinamente e requisitou, de imediato, assistência das ONU para apoiar uma transição política pacífica e constitucional e manter a segurança interna. Nesse sentido, o Conselho de Segurança (CS) aprovou o envio da Força Multinacional Interina (MIF), liderada pelo Brasil, que prontamente iniciou seu desdobramento.

Quer dizer, os interesses internacionais, impuseram ao povo sofrido deste pequeno País, através dos seguidos bloqueios econômicos, miséria, fome e desespernaça. Nestas crises, onde não havia nem mesmo combustível, foram disimadas todas as florestas, para obtenção de lenha.

Para arrematar a desgraça deste País, onde a maioria do seu povo é de origem dos ex-escravos afircanos, um terremoto mata milhares de pessoas no início deste ano e destrói o que ainda restava em pé.

O Brasil, em 2004, assumiu a liderança para a pacificação e reconstrução do Haiti, tarefa hercúlea que conseguiu, a duras penas, um início de reorganização política e social. Com o terremoto, o Presidente Lula, destinou 10 milhões de Reais para ajudar as vítimas mas, para variar, a direita reacionária, a oposição e os colunistas da mídia brasileira, deitaram críticas ao ato presidencial. Sob a justificativa de que o Brasil tem seus problemas, este dinheiro deveria ficar por aqui.

Quanta insensatez.

Quanta desumanidade.

Nosso país, tem sim, grandes problemas.

Mas nada comparado ao que está passando, num momento de extrema garvidade humanitária, o povo haitiano.

Muito triste.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A VERDADE ESTÁ TRAZENDO CALAFRIOS À DIREITA


Os esqueletos escondidos nos armários se estremeceram.

Foi só ser publicado o Pograma Nacional de Direitos Humanos em sua 3º versão (PNDH-III), que todos os setores da direita, os mesmos que se travestem de democratas, mas na realidade são fascistas, protestaram em uníssono.

O Brasil ficou 25 anos no mundo das trevas, com seu povo amordaçado, pessoas covardemente torturadas, desaparecidas e mortas, covardemente por criminosos disfarçados de "agentes da ordem" e, quando se quer tornar público o que ocorreu, eles ficam arrepiados...

Arrepiados que quê?

De medo?

Parece que a verdade e a justiça só são boas quando é para estes, pois quando é para os que realmente sofreram com estes crimes, aí não vale... É revenchismo...

Repasso aqui um artigo, extarido do RS URGENTE, do Marco Weissheimer, escrito pelo jornalista e sociólogo, Marcos Rolim, que é professor da Cátedra de Direitos Humanos do IPA e consultor em segurança pública e direitos humanos. Ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, e que ajudou na construção do PNDH-III, que demonstra o ranço da direita a tudo que venha do atual governo...
Jornalismo derrotado

A julgar pelos noticiários, um fantasma assola o Brasil: o Programa Nacional de Direitos Humanos em sua 3º versão (PNDH-III). Todas as potências da Santa Aliança unem-se contra ele: setores da mídia, políticos conservadores, o agronegócio, os militares e a cúpula da Igreja. Os críticos afirmam que o programa propõe a “revisão da Lei de Anistia”, que é autoritário ao propor “controle sobre os meios de comunicação”, além de ser “contra o agronegócio”. Radicalizando, houve quem –fora dos manicômios - identificasse no texto disposição por uma “ditadura comunista”. É hora de denunciar esta farsa onde a desinformação se cruza com o preconceito e a manipulação política.

Auxiliei a redigir o texto final do Programa, juntamente com os professores Paulo Sérgio Pinheiro e Luiz Alberto Gomes de Souza. A parte que me coube foi a da Segurança Pública, mas participei de todos os debates. Assinalo, assim, que a 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos havia proposto uma “Comissão de Verdade e Justiça”; nome que traduzia a vontade de “investigar e punir” os responsáveis pelas violações durante a ditadura. O PNDH-III, entretanto, propôs uma “Comissão da Verdade”, porque prevaleceu o entendimento de que o decisivo é a recuperação das informações, ainda sonegadas, sobre as execuções e a tortura. O Programa não fala em “revisar a Lei da Anistia”; pelo contrário, afirma que a Comissão deve “Colaborar com todas as instâncias do Poder Público para a apuração de violações de Direitos Humanos, observadas as disposições da Lei nº 6.683, de 28 de agosto de 1979”. Para quem não sabe, a lei citada é a Lei de Anistia. A notícia, assim, era o afastamento da pretensão punitiva. O caminho escolhido, como se sabe, foi o oposto; o que não assinala informar mal, mas desinformar, simplesmente.

No mais, é interessante que os críticos nunca tenham se manifestado quando, no período do presidente Fernando Henrique Cardoso, propostas muito semelhantes foram apresentadas. Senão vejamos: no que diz respeito aos conflitos agrários, o PNDH-I (1996) já propunha “projeto de lei para tornar obrigatória a presença no local, do juiz ou do Ministério Público, no cumprimento de mandado de manutenção ou reintegração de posse de terras, quando houver pluralidade de réus, para prevenir conflitos violentos no campo, ouvido também o INCRA”. O PNDH-II, seis anos depois, repetiu a proposta. Qual a novidade, neste particular, do PNDH-III? Apenas a idéia de mediação dos conflitos; prática que tem sido usual e que seria institucionalizada por lei. A Senadora Kátia Abreu, então, pode ficar tranqüila. Se o governo apresentar o projeto, ela terá a chance de se posicionar contra a mediação de conflitos e exigir que o tema seja resolvido à bala, como convém a sua particular concepção de democracia.

Quanto à reação ao tal “ranking” de veículos comprometidos com os direitos humanos, o assombro é ainda maior, porque o primeiro PNDH trouxe a ideia de: “Promover o mapeamento dos programas de rádio e TV que estimulem a apologia do crime, da violência, da tortura, das discriminações, do racismo,(…) e da pena de morte, com vistas a (…) adotar as medidas legais pertinentes”. A mesma proposta foi repetida no PNDH-II. Assinale-se que o PNDH-II propôs, além disso: “Apoiar a instalação do Conselho de Comunicação Social, com o objetivo de garantir o controle democrático das concessões de rádio e TV (…) e coibir práticas contrárias aos direitos humanos” e “Garantir a fiscalização da programação das emissoras de rádio e TV, com vistas a assegurar o controle social (…) e a penalizar as empresas (…) que veicularem programação ou publicidade atentatória aos direitos humanos”. Uau! Não são estas as armas dos inimigos da “liberdade de expressão”? Mas, se é assim, porque os críticos não identificaram o “ovo da serpente” na época?

Mais uma vez, ao invés de aprofundar o debate sobre as políticas públicas, a maior parte da mídia se deliciou com a reação vexatória dos militares, com o oportunismo da direita e com o medievalismo da Igreja e o fez às custas da informação, para não variar.

IPEA: Brasil pode erradicar a pobreza extrema até 2016


Se o Brasil mantiver o mesmo ritmo de diminuição da pobreza extrema e da desigualdade de renda observados nos últimos cinco anos (2003 a 2008) poderá obter indicadores sociais próximos aos de países desenvolvidos em 2016. Da mesma forma, poderá alcançar uma taxa de pobreza absoluta de 4%.


Os dados, divulgados hoje (12), constam de documento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. São considerados pobres extremos aqueles que recebem até 25% de um salário mínimo por mês, enquanto os pobres absolutos dispõem mensalmente de até 50% de um salário mínimo.“Se projetados os melhores desempenhos brasileiros alcançados recentemente em termos de diminuição da pobreza e da desigualdade (período 2003-2008) para o ano de 2016, o resultado seria um quadro social muito positivo.


O Brasil pode praticamente superar o problema da pobreza extrema, assim como alcançar uma taxa nacional de pobreza absoluta de apenas 4%, o que significa quase a sua erradicação”, diz o texto do documento.O documento do Ipea revela a tendência de o país ter em 2016, seguido o ritmo dos últimos cinco anos, a desigualdade da renda do trabalho em 0,488 do índice Gini – coeficiente que varia de 0 a 1, segundo o qual quanto mais próximo do zero, menor é a desigualdade de renda num país e quanto mais próximo de 1, maior a concentração de renda. Em 1960, ano da primeira pesquisa sobre desigualdade no Brasil, verificou-se índice Gini de 0,499 no país.


Em 2005, o índice Gini nos Estados Unidos era de 0,46; na Itália, 0,33; e na Dinamarca, 0,24.Segundo o documento, a maior parte dos avanços atualmente alcançados pelo Brasil no enfrentamento da pobreza e da desigualdade está direta ou indiretamente associada à estruturação das políticas públicas de intervenção social do estado, motivadas pela Constituição Federal de 1988.


O Ipea aponta ainda outros três fatores decisivos no combate a pobreza e desigualdade: a elevação do gasto social no país, que cresceu de 19% do Produto Interno Bruto (PIB) em 1990 para 21,9% do PIB em 2005; a descentralização da política social, com o aumento do papel do município na implementação das políticas sociais, instância que saltou 53,8% em participação nos gastos sociais no período de 1980 a 2008; e a participação social na formatação e gestão das políticas sociais.


De acordo com o instituto, a consolidação institucional do quadro geral das leis sociais no Brasil seria um passo importante para a manutenção, nos próximos anos, do enfrentamento da pobreza e da desigualdade no país.“O estabelecimento de uma nova lei que regule a responsabilidade e o compromisso social, com metas, recursos, cronogramas e coordenação, se mostra importante para que o Brasil possa chegar a alcançar indicadores sociais observados atualmente nos países desenvolvidos. Tudo isso, é claro, sem retrocessos em termos de maior participação da sociedade na formatação, monitoramento e controle das políticas públicas”, diz o documento.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A velocidade das notícias... e das tragédias.


As redes de comunicação que engloba e liga o mundo, nos traz com uma rapidez quase que imediata tudo o que acontece na Terra. A uns cinqüenta no passado, um fato acontecido, dependendo da sua distância e da sua importância, talvez nem ficássemos sabendo. Hoje sua divulgação pelo mundo é quase que imediata.

Isso nos faz refletir e pensar, quase em tempo real, do que e como estão as coisas por aí.

2010 mal teve inicio e muitos acontecimentos, principalmente ambientais, nos causam sentimentos de impotência perante a natureza.

Às vezes se diz que: Ah! Isso sempre aconteceu, mas a gente nem ficava sabendo. Devido ao que disse antes, das redes. Mas será que é isso mesmo?

As mudanças climáticas já se fazem sentir. E a uma velocidade cada vez mais rápida vemos que o mundo que conhecemos já dá sinais de fadiga pela intensa atividade humana e da sociedade sobre a natureza.

Alguns fatos são bem claros: a tragédia em Angra dos Reis e na Praia do Bananal (conheci este paradisíaco lugar em 2004) na Ilha Grande, não aconteceria se não construísse uma pousada, ou qualquer outra edificação, no sopé de um morro, em uma área de preservação permanente e de alto risco geológico. Mas como a sanha capitalista dos “empreendedores” é voraz, não respeitando os limites naturais, o resultado está aí, dezenas de mortes.

No RS também as chuvas não dão trégua, mortes e prejuízos decorrentes de enchentes e vendavais. Uma ponte que foi levada pelas águas do rio Jacuí (leia aqui) e pelo menos sete pessoas morreram.

Mas não é só por aqui, pois uma onda de frio intenso no Hemisfério Norte, a Europa e a Ásia sofrem com nevascas que não se via desde 1935.

Sim, as redes de comunicação trazem notícias dos fatos mais rapidamente, mas, sem sombra de dúvidas, segundo dados científicos armazenados, a intensidade e a periodicidade destes é cada vez maior.